quinta-feira, 17 de junho de 2010

Bem-Vindos

Aqui está o meu Blog feito para todos os que querem acompanhar o percurso desta minha primeira obra e uma primeira obra começa com um prefácio.

Obrigada Cara Professora Márcia Trigo por este prefácio, Obrigada Rita Neves porque sem ti já havia obra mas não havia Blog.



PREFÁCIO
Maria Márcia Trigo
Professora Coordenadora – UAL Business School
Universidade Autónoma de Lisboa



Num tempo de incertezas e aceleração da história - e de múltiplas oportunidades, também - com gente de mais, paralisada com medo do presente e do futuro, Cristina Fernandes de Abreu convida-nos para uma viagem singular, através de um tempo, lenta mas sofregamente vivido e saboreado, feito de memórias, afectos, encantos, encontros, lembranças, ternuras, compromissos, aqui e ali, salpicados de desencantos, desencontros e confrontos, numa exemplar aproximação ao real das nossas vidas.
A autora ama, ri, encanta-se, confronta, enamora-se e emociona-se visceralmente com as personagens a que dá vida.
Literatura de ficção ou literatura com tonalidades auto-biográficas? Não importa, já que a escrita, de uma ou outra forma, é sempre auto-biográfica. Eu, que tenho o raro privilégio de conhecer a Cristina, como pessoa e profissional, fiquei a conhecê-la melhor, reforçando os laços e nós - na expressão do saudoso Alçada Baptista - que aprendemos a tecer entre nós e as nossas circunstâncias.
É uma escrita iluminada e luminosa, porque atenta às pessoas que moram nas ambiências, situações e histórias da vida concebidas e dadas agora à luz.
A autora - ou será, antes, a heroína, a narradora, a Helena - gosta da aldeia onde nasceu, da sua terra, do seu bairro, da sua professora, da rua onde mora, do sítio onde trabalha, do trabalho que faz, das pessoas com que se cruza, vive, convive e se relaciona, mesmo quando se interroga sobre a forma de estar na vida de uma ou outra dessas mesmas pessoas. Sim, porque a autora é lúcida – como diria Fernando Pessoa -, tem opinião, não cruza os braços perante a adversidade ou perante as desigualdades, os desconfortos e desacertos da vida. Intervém, apoia, acarinha, faz acontecer, numa disponibilidade e abertura ao outro, à ousadia, à aceitação do novo, do diferente, convidando-nos diariamente a derrubar os biombos pré-definidos do certo e errado.

Histórias da Vida é uma obra, simultaneamente real e mágica, que encerra muitas e variadas magias dentro do seu inesgotável, inquieto, generoso e solidário olhar sobre a vida, sobre si, os seus e as suas comunidades de pertença.
Num tempo, simultaneamente de redes e de confrontos, a autora é uma criadora de personagens, situações, ambientes e de histórias, habitadas por pessoas que a escrita da Cristina harmoniza, numa sinfonia de sons, vozes e esperança, onde cabem todas as singularidades, incluindo a linguagem do povo (desculpe, ê nã a vi), a lembrar o premiado Mia Couto, um dos moçambicano da literatura maior de língua portuguesa.

Também por isso, é uma escrita imune ao esquecimento, porque são posters de amor, humor, encantamento, desencanto, enamoramento, intervenção e um enorme e inteligente abraço à vida, num compromisso com essa vida, numa obstinada demanda do milagre.



Miraflores, 8 de Março, 2010

Maria Márcia Trigo